segunda-feira, 4 de abril de 2011

Talvez ainda...

«Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Escrever, por exemplo: «A noite tem estrelas e, azuis, os astros tiritam na distância.»

O vento nocturno gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Eu amei-o e, por vezes, ele também me quis.

Em noites como esta tive-o nos meus braços,

beijei-o tantas vezes sob o céu infinito.

Ele quis-me e por vezes eu também lhe queria.

Como não ter amado seus grandes olhos firmes?

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Pensar que não o tenho. E sentir que o perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ele.

E o verso cai na alma qual o prado o rocio.

Que importa o meu amor não pudesse guardá-lo!

A noite tem estrelas e ele não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.

Minha alma não se conforma com havê-lo perdido.

Como para aproximá-lo, o meu olhar procura-o.

Meu coração procura-o, ele não está comigo.

A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.

Porém, nós já não somos os mesmos desses dias.

Já não lhe quero, é certo, mas quanto amor lhe tive!

Minha voz buscava o vento para tocar seus ouvidos,

De outra. Será de outra. Como antes dos meus beijos.

Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.

Já não lhe quero, é certo, mas talvez ainda lhe queira.

É tão breve o amor, é tão longe o olvido.

Porque em noites como esta tive-o nos meus braços.

Minha alma não se conforma com havê-lo perdido.

Embora esta seja a última dor que ele me causa

e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.»

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