quarta-feira, 18 de maio de 2011

Normose ou o dia a dia.



A palavra normose foi criada na França pelo escritor e conferencista Jean-Ives Leloup para designar, em síntese, essa forma de comportamento visto como normal mas que, na realidade, não é normal.
Transportando esse conceito para observação da sociedade atual verificamos que as pessoas se pautam por padrões estabelecidos por alguém ou um grupo, em algum momento.
Por exemplo, segundo padrões da moda atual, ser normal é ser magro e bonito.
Para isso, vale dieta e, a cada dia surge uma diferente, ditada por essa ou aquela celebridade que afirma ter conseguido o peso ideal em um tempo mínimo.
Para alcançar as medidas ideais da dita normalidade vale a frequência a academias, com rigorosos exercícios físicos, massagens e tudo o mais que possa permitir atingir o idealizado.
E depois vêm as cirurgias para modificar tudo que seja possível alterar.
Não escapam os dentes, que devem ser perfeitos e brancos e, para isso, submetem-se as pessoas a aplicações de laser, porcelana e o que mais seja necessário.
Não importa se algo faz mal à saúde. O importante é ser normal que inclui, ao demais, estar sempre na moda, vestir a roupa do momento, custe o que custar.
Gastam-se verdadeiras fortunas com cabeleireiros, maquiagem, produtos de beleza.
Porque não se pode perder festa alguma. Nem evento importante. Isso logo nos desqualificaria como um ser normal.
Naturalmente, é louvável o cuidado com o corpo, a atenção ao parecer bem, à elegância. Faz parte da evolução da criatura cultivar o belo, o bom.
Mas daí aos exageros, aos excessos vai uma distância que prima pela insensatez.
Gasta-se o que não se tem, finge-se o que não se é. Tudo para parecer normal… Como os demais.
Que padrão de normalidade, afinal, estamos elegendo? Algo totalmente físico, exterior, passageiro em detrimento de valores reais?
Será isso que desejamos para os nossos filhos, a Humanidade do amanhã?
Desejaremos uma Humanidade de pessoas esquálidas, bulímicas, estressadas e vazias de conteúdo?
Cabe-nos pensar um pouco, antes que nossos filhos, por não atenderem aos padrões ditados por alguns se lancem no fundo poço da depressão, perdendo as oportunidades de progresso nesta vida.
Estamos na Terra para angariar sabedoria, ilustrar a mente, dulcificar o coração, ascender à perfeição.
A mente se ilustra com estudo, reflexão, esforço. O coração se dulcifica no exercício do bem ao próximo, entendendo que as diferenças existem para permitir realce à verdadeira beleza.
Invistamos nisso. E, em vez de nos esgotarmos em horas e mais horas de trabalho para conseguir mais dinheiro para atender a necessidades tolas, reservemos tempo para conviver com a família, com os amigos.
Reservemos tempo para leituras, alimentando as ideias; para a reflexão, a fim de nos enriquecermos interiormente.
Tempo para olhar o nascer do sol e seu desaparecer no poente, para ouvir a sinfonia da chuva em dias quentes, o agradecimento da terra pela água que sorve, com sofreguidão.
Tempo para amar, para viver, para ser um humano de valor, para ser feliz.
Pensemos nisso!


retirado do blog: http://pedagogiadoencontro.blogspot.com

sábado, 14 de maio de 2011

quem não sentir nada a ouvir isto, não tem coração.

Amor.. e um dos meus livros preferidos.



"Então Almitra disse, fala-nos do Amor.
E ele ergueu a cabeça e olhou para o povo e caiu uma grande imobilidade
sobre eles. E em voz poderosa ele disse:
Quando o amor vier ter convosco,
Seguros embora os seus caminhos sejam árduos e sinuosos.
E quando as suas asas vos envolverem, abraçai-o, embora a espada oculta sob
as asas vos possa ferir.
E quando ele falar convosco, acreditai,
Embora a sua voz possa abalar os vossos sonhos como o vento do norte
devasta o jardim.
Pois o amor, coroando-vos, também vos sacrificará. Assim como é para o
vosso crescimento também é para a vossa decadência.
Mesmo que ele suba até vós e acaricie os mais ternos ramos que tremem ao
sol,
Também até às raízes ele descerá e abaná-las-à
Enquanto elas se agarram à terra.
Como molhos de trigo ele vos junta a si.
Vos amanha para vos pôr a nu.

Vos peneira para vos libertar das impurezas.
Vos mói até à alvura.
Vos amassa até vos tomardes moldáveis;
E depois entrega-vos ao seu fogo sagrado, para que vos tomeis pão sagrado
para a sagrada festa de Deus.
Toda estas coisas vos fará o amor até que conheçais os segredos do vosso
coração, e, com esse conhecimento, vos tomeis um fragmento do coração da
Vida.
Mas se, receosos, procurardes só a paz do amor e o prazer do amor,
Então é melhor que oculteis a vossa nudez e saiais do amor,
Para o mundo sem sentido onde rireis, mas não com todo o vosso riso, e
chorareis mas não com todas as vossas lágrimas.
O amor só se dá a si e não tira nada senão de si.
O amor não possui nem é possuído;
Pois o amor basta-se a si próprio.
Quando amardes não deveis dizer "Deus está no meu coração", mas antes
"Eu estou no coração de Deus".
E não penseis que podeis alterar o rumo do amor, pois o amor, se vos achar
dignos, dirigirá o seu curso.
O amornão tem outro desejo que o de se preencher a si próprio.
Mas se amardes e tiverdes desejos, que sejam esses os vossos desejos:
Fundir-se e ser como um regato que corre e canta a sua melodia para a noite.
Para conhecer a dor de tanta ternura.
Ser ferido pela vossa própria compreensão do amor;

E sangrar com vontade e alegremente.
Despertar de madrugada com um coração alado e dar graças por mais um dia
de amor;
Repousar ao fim da tarde e meditar sobre o êxtase do amor;
Regressar a casa à noite com gratidão;
E depois adormecer com uma prece para os amados do vosso coração e um
cântico de louvor nos vossos lábios."

Khalil Gibran in "O profeta" *

domingo, 8 de maio de 2011

"oh colega cuidado com as emoções"



"If people see this they'll say 'Oh my God, that is horrible,' and then go on eating their dinners.”
JOAQUIN PHOENIX (Jack)

é nestas alturas que gostava de ter a sensibilidade de uma avestruz.
meter a cabeça na areia à espera do 2012.
e ir para festas de trance.
enquanto o mundo mergulha no caos.

gostava mesmo.
mas sou o caos.
e não tenho medo.

P.s: tenho de deixar de ir à Baixa. desalinha-me os chackras.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Se..



"Se podes suportar que outros te acusem
Quando do mal não sejas culpado
E, muito embora todos se recusem
A acreditar em ti, tu segues confiado;
Se podes esperar sem desesperança,
À mentira antepor sempre a verdade;
Não responder a ódios com vingança,
Mas sem aparentar muita bondade.

Se tu podes sonhar sem que o Sonho te arraste,
Se tu podes pensar sem que a Ideia te vença;
Se podes encarar o Triunfo e o Desastre
Com a mesma indiferença;
Tua verdade ouvir por outrem pervertida
Na mentira subtil que os néscios alimenta;
Ou, vendo destruída a obra da tua vida,
Recomeçá-la com a gasta ferramenta.

Se podes arriscar numa jogada
Toda a tua fortuna e, tendo-a assim perdido,
Principiar outra vez, voltando ao nada,
Sem jamais aludir ao sucedido;
Se podes comandar o coração e os nervos
E, quando fores só uma ruína,
Torná-los ainda servos
Dessa tua vontade que os domina;

Se sabes enfrentar, sereno, as multidões
E o convívio dos reis não te inebria;
Se os inimigos como as afeições
Não puderem prender-te em demasia;
Se viveres, enfim, o Tempo inexorável
Longe das lutas vãs em que os outros o consomem;
Será teu o Universo e, o que é mais admirável,
Serás um Homem!"


»Rudyard Kipling [tradução de Anrique Paço d'Arcos]